O Senador e a Joia Esquecida

Era uma manhã ensolarada de terça-feira, e todos esperavam ansiosamente pela entrevista ao vivo do senador Flávio Bolsonaro. Afinal, com tanta notícia surgindo a cada minuto, a entrevista prometia ser um verdadeiro espetáculo. Mas, como dizem os sábios, a expectativa é a mãe da decepção.

O cenário estava montado, as câmeras ajustadas e o entrevistador preparado. Tudo parecia estar em seu devido lugar, menos o próprio senador. Nos bastidores, a equipe de produção já começava a suar frio. “Onde está Flávio?”, perguntavam-se, enquanto o relógio continuava sua marcha impiedosa rumo ao horário marcado.

Foi então que, do outro lado do oceano, veio a bomba: a Polícia Federal encontrou indícios de que mais uma joia, recebida pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, havia sido negociada nos Estados Unidos. Uma joia! Parece coisa de novela das nove, mas não, era a vida real.

Dizem que quando a notícia chegou aos ouvidos de Flávio, ele estava confortavelmente sentado em sua poltrona, talvez tomando um café e revendo suas notas para a entrevista. Ao saber da joia, o café deve ter descido amargo. Imaginou, por um breve momento, como seria questionado sobre o novo escândalo. Visualizou manchetes, memes e, claro, o mar de perguntas afiadíssimas que viriam como flechas.

Foi então que tomou uma decisão. Pegou o telefone e cancelou a entrevista. Simples assim. Afinal, quem em sã consciência quer falar sobre joias e escândalos logo pela manhã? A joia, que até então estava esquecida em alguma gaveta ou cofre, agora brilhava mais que nunca, ofuscando qualquer tentativa de desviar o assunto.

Os telespectadores, por sua vez, ficaram a ver navios. E o entrevistador, coitado, teve que improvisar. Quem sabe uma análise sobre os efeitos do clima no cultivo de alface hidropônica? Ou talvez uma discussão sobre a importância da organização dos armários na vida moderna? Qualquer coisa era válida naquele momento.

E assim, a terça-feira, que prometia ser um dia de revelações bombásticas, terminou com um silêncio constrangedor e a promessa de que, no futuro, as joias não ficariam tão facilmente esquecidas.

Talvez o senador aprenda que não se brinca com as expectativas do público. Ou talvez, da próxima vez, esconda melhor suas joias.

Escrito por Antonio Glauber Santana Ferreira