Poesia
Poesia : Olhar
Olhar
Ah, o olhar, esse enigma indecifrável,
O caleidoscópio de intenções veladas,
Onde a alma, qual acrópole inalcançável,
Se esconde em labirintos de palavras.
Olhar! Que mentira conspícua és,
Na valsa pérfida da contemplação,
Promessas vãs, miragens sem viés,
Que escravizam corações em solidão.
Nos olhos, espelhos de dissimulação,
Brilham sonhos com facetado fulgor,
Sarcásticas juras de imaculada paixão,
Hiperbólicas narrativas de amor.
Oh, visão de mundos utópicos, ilusões mil,
De horizontes inatingíveis em tua retina,
Que vendes esperanças com olhar sutil,
Mas brindas com indiferença cristalina.
Quem te decifra, olhar arcano e esquivo?
Eis o paradoxo da tua beleza cortante,
Metáfora vívida do desejo furtivo,
Que engana e seduz de forma pujante.
Olhar, ironia, feitiço, artimanha,
Arte vil de promessas enganosas,
Em teu prisma, a verdade se esvai,
E a esperança renasce, teimosa.
Autor: Antonio Glauber Santana Ferreira