CRÔNICA

Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 22 de setembro de 2024

O domingo de primavera teve de tudo: heróis do campo, divas nos palcos, milagres na medicina e guerras silenciosas.

Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 22 de setembro de 2024
Publicado em 23/09/2024 às 4:11

As notícias do dia 22 de setembro de 2024


Por Antonio Glauber Santana Ferreira – Japaratuba-SE


O domingo amanheceu com o barulho da primavera batendo na porta, mas ao invés de um buquê de flores, trouxe um ventilador de ar quente que prometia torrar as esperanças de quem aguardava a chuva como um presente esperado por nove meses. A terra rachada do sertão se tornava um quebra-cabeça sem solução, enquanto os agricultores rezavam para que São Pedro mudasse de ideia. E, em meio à secura e ao silêncio das lavouras, um herói anônimo, vestido de chapéu de palha e enxada na mão, florescia entre bananas orgânicas e pragas vorazes. Como um alquimista, ele transformou o que era dor de cabeça em artigo de estudo. Vai ver, esse agricultor descobriu que a melhor defesa contra o improvável é a teimosia da vida que insiste em nascer onde o mundo jura que nada brota.

Enquanto o calor fritava as esperanças e a ciência cavucava novas respostas, o mundo girava, e no Rio de Janeiro, a festa seguia no ritmo do Rock in Rio. Mariah Carey, a diva eterna, desceu dos céus em notas agudas que poderiam acordar até o Cristo Redentor. Shawn Mendes, agora mais maduro, mostrou que o menino virou homem e que as lágrimas de suas baladas agora são regadas com whisky envelhecido. Mas, como toda festa, teve quem tropeçou na batida. Akon, talvez inspirado pelo calor carioca, escorregou na própria música, e Luísa Sonza, mais uma vez, provou que há quedas que, de tão repetidas, quase viram coreografia. Mas o show não pode parar. Teve Ney Matogrosso, Ne-Yo, tributo a Alcione e um Olodumbaiana que balançou as estruturas da Cidade do Rock. Porque, afinal, a música é um abraço coletivo que ninguém pode negar.

Mas a vida, ah, a vida gosta de temperar o doce com o amargo. Em meio ao som estrondoso dos palcos, a cidade do Rio de Janeiro se lembrava de uma história que não deveria ter acontecido. Um menino, Davi Geovane, de apenas 8 anos, virou protagonista de uma epopeia moderna. Seu braço, separado do corpo em um acidente que tombou mais do que o ônibus em que estava, agora estava de volta ao lugar, costurado com o milagre da medicina. E o reencontro com o mototaxista que o salvou foi um desses momentos em que a gente se pergunta se a humanidade não poderia ser mais parecida com aquele gesto: rápida, eficiente e movida por um coração que pulsa sem esperar por agradecimentos.

Longe do calor do Rio e dos milagres cotidianos, Lula cruzava os céus rumo a Nova York, carregando na mala um monte de esperança e discursos ensaiados. No meio de chefes de Estado e magnatas da tecnologia, ele jogava o jogo do poder, aquele tabuleiro em que cada palavra tem o peso de uma pedra preciosa. E, enquanto discutia o futuro do planeta na ONU, os drones da guerra desenhavam no céu do Oriente Médio um mapa de destruição. O Hezbollah, sempre pronto para transformar ameaça em realidade, lançou seus corvos de metal contra o norte de Israel. E, nesse eterno jogo de xadrez, cada movimento é uma peça que cai no tabuleiro da incerteza.

O domingo de primavera teve de tudo: heróis do campo, divas nos palcos, milagres na medicina e guerras silenciosas. E assim, o mundo segue, tentando encontrar a melodia certa em meio a uma partitura descompassada. Porque, no fim das contas, a vida é isso: um festival onde a gente dança entre o trágico e o sublime, esperando que o próximo acorde nos leve para um lugar melhor. Mas, enquanto isso não acontece, seguimos replantando a esperança, dançando com as quedas e torcendo para que o próximo voo não seja de drones, mas de borboletas. Afinal, a primavera sempre chega, mesmo que o céu diga o contrário.