CRÔNICA
Crônica do Professor Antonio Glauber sobre As notícias do dia 11 de setembro de 2024
"Sopros de informação: Entre Vendavais e Calmarias nas Notícias do Dia 11 de Setembro de 2024"
As notícias do dia 11 de setembro de 2024
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Por Antonio Glauber Santana Ferreira – Japaratuba-SE
Sergipe, meu caro, parece mais uma folha ao vento, mas não dessas folhas de outono que caem com elegância. Não, aqui é vendaval anunciado, daqueles que sopram tão forte que as placas, as árvores e até as torres de telefonia tremem nas bases. Enquanto o Instituto Nacional de Meteorologia distribui alertas, a vida segue como se ventos fossem apenas metáforas. E quem diria que, no meio disso tudo, o perigo maior vem dos golpes que entram pela linha do telefone, como um furacão que arranca o que resta de inocência em tempos digitais? O sergipano não só enfrenta as rajadas de vento, mas também as ventanias da malandragem.
E nos bares e restaurantes, coitados, o vendaval não é de ventos, mas de prejuízos. Entre uma cerveja e outra, os empresários tentam equilibrar bandejas enquanto a lucratividade escapa pelas frestas das mesas. Quem diria que, em terras tão quentes, o comércio esfriaria? A tal associação dá o alerta: se continuar assim, o garçom servirá não só petiscos, mas doses amargas de incerteza.
Lá na Câmara, o clima também está ventando. Desoneraram a folha de pagamento, dizem. Um alívio para os 17 setores da economia que empregam boa parte do país. Mas cuidado, minha gente, porque a reoneração já bate à porta, sussurrando como quem promete mais impostos. É a tempestade que se forma no horizonte, e nós, como sempre, de guarda-chuva furado, torcendo para que a chuva passe.
E se falamos em tempestade, a Ancine resolveu combater as “chuvas piratas”. Agora, a agência vai bloquear os sinais piratas de transmissões de esportes e filmes. Afinal, se já temos vendavais e crises, ao menos que nossos campeonatos e filmes cheguem intactos aos lares, sem o fantasma da pirataria. Ironia? Talvez, mas numa terra onde o sinal de Wi-Fi é mais instável que a política, sonhar com bloqueios parece até piada de mau gosto.
Enquanto isso, o Ministério de Minas e Energia tenta revirar o baú e trazer de volta o famigerado horário de verão. O argumento? A crise hídrica, claro. Mais uma vez, a luz no fim do túnel é adiantar ou atrasar o relógio, como se o tempo fosse o único recurso que não conseguimos controlar. E a gente, obediente como sempre, ajusta o despertador e espera o sol se adaptar aos caprichos humanos.
Mas se o vendaval por aqui é figurativo, na Faixa de Gaza ele é destruição real. Seis funcionários da ONU mortos, escolas bombardeadas e vidas desfeitas no sopro da guerra. O mundo, com seus olhos cansados, parece acostumado com essa tormenta que nunca cessa. E enquanto a Nicarágua prende quem ousa reclamar no Facebook, porque criticar o governo agora é crime, a Coreia do Norte resolve brincar de soltar rojões. Só que, diferente das festas juninas, os mísseis de lá não trazem alegria, mas temor.
E lá no Peru, despediu-se Fujimori, aquele que governou com mãos de ferro e uma boca afiada que agora, ironicamente, foi vencida pelo câncer. Um ditador que partiu, mas deixou um legado de medo, corrupção e uma lição amarga: o poder, meu amigo, é uma faca de dois gumes. Corta para quem o segura, e também para quem o enfrenta.
E assim seguimos, sob ventos que não apenas sopram, mas varrem, não só as ruas, mas também os direitos, as liberdades e as esperanças. Porque, no fim, cada notícia é como uma rajada que tenta nos derrubar, mas nós seguimos de pé, ainda que com os cabelos bagunçados e a alma em desalinho.
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