CRÔNICA

Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 27 de julho de 2024

Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 27 de julho de 2024
Publicado em 28/07/2024 às 11:33

Em um dia em que o destino parecia brincar de roleta-russa com o nosso cotidiano, o tabuleiro das notícias girava freneticamente, lançando dados imprevisíveis e levemente irônicos.

Na sala de jogos de Aracaju, o Ministério Público tentava vetar a carta do transporte público, mas a Justiça, de olhar clínico, decidiu que não era dia de embargo. O Tribunal de Contas, por sua vez, já havia guardado essa carta na manga, suspirando: “não se joga o jogo com cartas marcadas”.

Enquanto isso, no tabuleiro do Ceará, a Praia do Icaraí, outrora uma dama com vasto manto de areia, agora se encontra com a saia cada vez mais curta. O mar, cavaleiro implacável, avança sem cerimônia, engolindo mais de 100 metros de sua dignidade ao longo de 40 anos. Espigões, como soldados de uma resistência inútil, tentam segurar a linha de frente, mas a batalha parece perdida. A natureza, afinal, tem suas próprias regras de jogo.

Olhos atentos aos céus, o público espera ansioso pelos fogos de artifício cósmicos. Três chuvas de meteoros prometem um espetáculo estelar, dignas de uma ópera celestial. As Alpha Capricornídeos, Delta Aquáridas e Perseidas descerão dos céus como balas de prata, convidando-nos a abandonar por um instante os nossos tabuleiros terrestres e contemplar o infinito. Basta esperar o anoitecer, fugir das luzes da cidade e subir ao ponto mais alto da nossa curiosidade.

Em outro canto, a Mega-Sena, com seus números esquivos, acumulava um prêmio de R$ 100 milhões. A roleta da fortuna girava novamente, lembrando-nos que a sorte é um dado viciado, onde poucos se tornam vencedores e muitos sonhadores ficam com a aposta perdida.

E, em um golpe de cena trágico, Nathalie Moellhausen, na arena da esgrima, enfrentava não apenas sua adversária, mas um inimigo interno – um tumor no cóccix. Com a dor aliviada apenas pela morfina, sua luta tornava-se uma metáfora cruel da batalha humana contra suas próprias fraquezas. Derrotada, mas não vencida, Nathalie promete um retorno após a remoção do tumor.

Para completar o quebra-cabeça, a seleção brasileira de vôlei tropeçava em sua estreia olímpica, uma primeira queda desde 1996. Erros decisivos e um bloqueio impenetrável da Itália transformaram o sonho dourado em uma realidade amarga, mostrando que até os gigantes podem cair.

E assim, em um dia onde a ironia pintou cada quadro, seguimos jogando nossos jogos diários, movendo peças, esperando estrelas cadentes e tentando, com um sorriso sarcástico, adivinhar o próximo lance do destino.

Por Antonio Glauber Santana Ferreira – Japaratuba-SE