CRÔNICA

Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 24 de agosto de 2024

Essa crônica tem o sabor de uma reflexão profunda, mas servida com uma pitada generosa de sarcasmo. Afinal, em tempos como os nossos, rir das próprias aventuras é uma das poucas maneiras de não perder o fio da sanidade.

Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 24 de agosto de 2024
Publicado em 25/08/2024 às 12:10

As notícias do dia 24 de agosto de 2024

Por Antonio Glauber Santana Ferreira – Japaratuba-SE

Na cidade onde o sol brilha forte, o trânsito dança em ritmo frenético, e as águas até resolvem dar um show particular. Foi assim que, entre um engarrafamento e um buzinaço desafinado, um carro e duas motos decidiram protagonizar uma sinfonia desafinada na Zona Sul de Aracaju. Como num balé desastrado, feridos foram ao chão, enquanto o Samu, sempre o maestro eficiente, correu para acudir os bailarinos acidentados. Se ao menos tivéssemos um “sinal verde” para a inteligência no trânsito, talvez o espetáculo fosse menos doloroso.

Enquanto isso, na grande ópera do transporte público, a Justiça resolveu tocar a sineta e suspender a licitação. Quem diria que essa novela interminável continua como um show de horrores onde o ônibus nunca chega, mas a burocracia não perde o ponto. A prefeitura, claro, prefere o silêncio teatral. Que cenário épico, onde a única certeza é a demora – no trânsito, no transporte, e, por que não, na decisão final.

E para quem achou que a rotina da cidade estava sem graça, eis que a Orla da Atalaia resolveu encarnar uma cena de “A Tempestade”, e uma tromba d’água fez uma aparição dramática. Nada de Shakespeare, apenas a natureza tentando roubar a cena no palco urbano, sem maiores danos, felizmente. O público observador ficou boquiaberto, talvez pensando que o único caos possível era no trânsito. Ah, como a natureza gosta de nos lembrar que ela ainda tem o roteiro nas mãos!

Enquanto isso, no interior de São Paulo, o céu trocou o azul pelo cinza sufocante das queimadas. Voos cancelados, cidades em alerta, e o fogo, sempre sedento, consumindo o que encontra pela frente como um vilão incansável de novela mexicana. Lá, o drama é real, e os cenários mudam a cada nova faísca. E pensar que em algum lugar alguém ainda aposta que “a natureza se adapta” – será que eles nunca assistiram ao final trágico das grandes histórias?

Falando em apostas, parece que a Mega-Sena resolveu distribuir o seu “felizes para sempre” para dois sortudos do Rio de Janeiro. 14,9 milhões de reais em cada bolso! Quase dá para imaginar a cena: um deles comprando uma ilha paradisíaca para se afastar do caos urbano, e o outro… bom, talvez pague o IPVA atrasado. Quem disse que o final feliz é o mesmo para todos?

Do outro lado do mundo, na costa do Iêmen, o mar, que em Aracaju só queria brincar de tromba d’água, mostrou seu lado mais cruel. Um barco de migrantes, cheio de sonhos naufragados, deixou 13 mortos e muitos desaparecidos. É o velho enredo da humanidade, onde os fortes ventos políticos e econômicos empurram os vulneráveis para a borda do desespero. E como sempre, o mar não perdoa.

Já na grande arena diplomática, Lula e Petro decidiram cobrar o protagonista venezuelano, Maduro, para que as atas eleitorais não fiquem guardadas num baú de segredos. Ora, na política, assim como no teatro, o público merece ver o script completo – afinal, ninguém gosta de surpresas no terceiro ato. Vamos ver se Maduro entende que, para a plateia confiar na peça, a cortina da transparência precisa subir.

E assim, neste dia cheio de tragédias, surpresas e cenas de comédia, seguimos vivendo a trama da vida. Enquanto alguns caem no asfalto, outros flutuam no mar das incertezas, e há quem aposte todas as suas fichas em uma cartela de números. No final das contas, somos todos personagens dessa grande crônica diária, onde o humor, a ironia e a crítica são os únicos roteiros que podemos escrever com alguma certeza.